terça-feira, 30 de agosto de 2011

Doar dentes poderá ajudar pacientes com doenças que não têm cura







As células-tronco, que podem ser a chave para a cura de dezenas de doenças, são encontradas na polpa dos dentes de leite.

As pesquisas estão em andamento, mas trata-se de uma possibilidade promissora, dada a facilidade e os baixos custos para consegui-las.

Como os resultados das novas pesquisas estão sendo muito favoráveis, pode ser que, no futuro, esse tipo de coleta nas universidades seja aberta a doadores voluntários.
É um gesto simples, mas que pode ser extremamente importante para o desenvolvimento da ciência e, futuramente, para a vida de pessoas que sofrem com doenças que não têm cura, como a tetraplegia. 
Por enquanto o uso das células-tronco obtidas a partir de dentes de leite está restrito às pesquisas nas universidades e os dentes de leite são coletados no local onde a pesquisa está sendo realizada.

O uso de dentes de leite em pesquisas genéticas é bem recente e devemos estar conscientes da importância da doação dos dentes de leite para esse tipo de banco.

Os dentinhos que já foram extraídos ou esfoliados a bastante tempo não podem mais ser usados na pesquisa de células-tronco, mas podem ir para o Banco de Dentes Humanos e ser reutilizados nas faculdades de odontologia para ensino e pesquisa.

As células-tronco encontradas na polpa dos dentes de leite podem se transformar em outras células capazes de formar dentina, substância do dente, bem como osso, cartilagem, vasos sanguíneos e até neurônios. O dente é formado por esmalte, dentina e polpa.
Na Universidade de São Paulo (USP), as pesquisas estão sendo realizadas com cobaias e os resultados são bastante promissores. Estima-se que em 5 a 10 anos as células-tronco poderão ser usadas em humanos.
Como a célula-tronco está na polpa do dente, é necessário tomar uma série de cuidados para que a doação seja efetiva. Ao cair, o dente deve ser colocado em uma solução que permita a cultura de células. Em casa, pode ser usado o soro fisiológico. “O dente que caiu deve ser colocado na solução e levado para o laboratório”. O prazo máximo é de 24 horas. Depois desse tempo as células morrem. Mesmo assim, os dentes de leite continuam sendo importantes para a pesquisa e podem ser encaminhados para os bancos de dente humano, nas faculdades de odontologia. Quem é adulto e tem os dentes de leite guardados ainda pode doá-los para os bancos de dentes.


Multiuso  


O banco de células-tronco de dente de leite está sendo criado na Faculdade de Odontologia da USP. As células-tronco podem ser usadas de três maneiras – terapia celular, quando a célula-tronco é colocada no local para se transformar em outra célula; terapia genética, quando é usada para promover uma correção na sequência do DNA; e na engenharia tecidual, quando contribuem para a formação de novos tecidos e órgãos, como, por exemplo, as células-tronco usadas para formação de um outro dente.

Quando os primeiros bancos surgiram, os dentes de leite eram reaproveitados como material de restauração. Atualmente, todas as faculdades de odontologia contam com tais bancos para a pesquisa e treinamento laboratorial dos estudantes. São chamados biobancos, pois armazenam dentes de leite (decíduos) e permanentes, que depois de extraídos são doados.
Quando o dente fica anos guardado, ele desidrata e, por isso, costuma ter algumas fissuras. Mesmo nesse estado, a doação é bem-vinda.

O próximo passo será a criação de um Museu de Dentes Humanos, que deve ser inaugurado em São Paulo no semestre que vem.


fonte: José Carlos Pettrossi Imparato, coordenador do Banco de Dentes Humanos da Faculdade de Odontologia da USP.

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