quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Cientistas brasileiros criam dentes com células-tronco



Todo o processo se baseia nas técnicas da chamada engenharia tecidual

Pesquisadores da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) tentam desenvolver dentes a partir de moldes biodegradáveis e células-tronco. Os primeiros experimentos, feitos em ratos, já mostraram resultados positivos e os cientistas conseguiram criar dentes nos animais.

Foi possível encontrar incisivos centrais, por exemplo, nas estruturas implantadas. Numa primeira fase foram implantadas células num omentum de rato. Omentum é uma película que reveste todas as víceras. Essa estrutura foi utilizada porque ela é extremamente vascularizada e isto permite a nutrição das células implantandas. Nesse molde, as células-tronco foram depositadas e ocorreu o desenvolvimento de um "dente". Entretanto, nesses primeiros ensaios, não se tinha o controle da forma do dente, nem do seu volume.

Trabalhando nas pesquisas desde 2001, a Dra. Mônica e  o Dr. Silvio Duailibi  - continuaram a desenvolver o projeto até que, em 2008, publicaram os resultados dos implantes que fizeram nas mandíbulas dos animais.

Segundo os pesquisadores,esses implantes também foram positivos, mas isso em caráter experimental.

Atualmente estão avançando nas pesquisas .Coletam células de descarte de dentes humanos e processam essas células em laboratório, analisam em quanto tempo elas mineralizam, qual é a estabilidade e a saúde destas células. Posteriormente colocam essas células num arcabouço, que tecnicamente se chama de scaffold, na forma de dentes e implantam em animais que não tem imunidade, para não causar rejeição" .

Engenharia tecidual

Todo o processo se baseia nas técnicas da chamada engenharia tecidual, que procura reunir os princípios da biologia com técnicas da engenharia, principalmente a computacional. Com a união das técnicas, é possível elaborar a forma dos dentes e alcançar não só a reparação, mas a regeneração.
Através de uma tomografia computadorizada pode-se dimensionar volumetricamente a estrutura, que pode ser um molar, pré-molar, canino ou um central, por exemplo.Essas informações são passadas por meio de um software para um aparelho de prototipagem rápida, também conhecido como fabricação aditiva e geram uma estrutura tridimensional
Essa estrutura é feita de material bioreabsorvível ou biocompatível e tem completa aceitação no organismo, fazendo com que as células se amoldem e se diferenciem dentro dela. Após o processo de diferenciação celular, o organismo reabsorve os elementos, deixando apenas a estrutura de um dente .

Rejeição

A rejeição não é um fator problemático quando o próprio receptor fornece as células. Mas em casos onde isso não é possível, a opção seria a tecnologia já disponível nos dias de hoje, ou seja os implantes metálicos.

A engenharia tecidual só será bem vinda se conseguirmos fazer com que o doador e o receptor sejam os mesmos indivíduos, para que não se tenha rejeição. Se as células são provenientes de indivíduos diferentes, será necessário submeter este individuo à drogas imunossupressoras. É como um transplante de órgãos.
Iremos, nestes casos, nos deparar com outra situação que é a dos efeitos colaterais dessas drogas.

Portanto, se para reabilitar uma boca tivermos que submeter um indivíduo a essa nova terapia,  utilizando células diferentes,  a tecnologia hoje disponível é melhor , pois não gera resposta imunológica ao paciente.

Outro problema é que os cientistas ainda não têm certeza de que o material biológico possa ser devolvido para os indivíduos sem o risco de promover a formação de um tumor, ou de outro tecido que não o esperado.

As pesquisas são promissoras e no futuro, poderemos devolver para o paciente uma estrutura exatamente igual ao dente original. Ou seja, iremos implantar no interior do osso celulas que irão erupcionar como erupcionaria um dente normal.
Essa é a esperança de se criar uma terceira dentição para as pessoas que tenham um problema genético com ausência dos dentes, ou que os tenham perdido por algum trauma ou doença.

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