domingo, 6 de maio de 2012

Câncer Bucal - parte II



Quais são os tipos de lesões bucais mais comuns causadas pela radioterapia
Dr. Douglas Guedes Castro - As mais frequentes são as exulcerações (mucosite). Há, também, alterações funcionais frequentes, como a disgeusia e xerostomia.
Como esse tipo de terapia pode causar tais problemas?
Dr. Douglas Guedes Castro - As exulcerações ocorrem devido à morte, causada pela radiação ionizante, dos tecidos altamente proliferativos, como as células que compõem o epitélio de revestimento da mucosa bucal.
Como é o tratamento dessas lesões?
Dr. Douglas Guedes Castro - O tratamento pode ser realizado de diversas maneiras, varia desde o uso de anti-inflamatórios tópicos (ou sistêmicos), e bochechos com agentes alcalinizantes, até, mais recentemente, a utilização do laser de baixa potência. Importante ressaltar que medidas de suporte nutricional, hidratação, restrição ao uso do tabaco, álcool, alimentos picantes e o tratamento de infecções oportunistas - como a monilíase - auxiliam na prevenção ou atenuação da mucosite.
Há procedimentos odontológicos indicados para quem está fazendo radioterapia? Indica-se um acompanhamento especial?
Como o cirurgião-dentista pode preparar-se para isso?
Há como evitar essas lesões?
Dr. Douglas Guedes Castro - Sim. Normalmente, solicita-se uma avaliação prévia no início da radioterapia ao odontologista para definição, por exemplo, quanto à necessidade de procedimentos invasivos. Estes, se realizados após a radioterapia, aumentam o risco de complicação, como a osteorradionecrose. Além disso, desde o momento inicial, é feita orientação quanto às medidas preventivas dos efeitos radioinduzidos na mucosa bucal. Durante o tratamento, também recomendamos o seguimento, se possível semanal, para aplicação das eventuais medidas de suporte citadas. A mucosite não pode ser evitada, mas seus efeitos podem ser bastante atenuados com um seguimento adequado.
Os avanços tecnológicos na radioterapia têm melhorado a incidência desses problemas? Qual a diferença entre o passado e o cenário atual?
Dr. Douglas Guedes Castro - Especificamente em relação à mucosite, as novas tecnologias pouco têm auxiliado, ainda mais se considerarmos que é cada vez mais frequente a concomitância de tratamentos sistêmicos. Entretanto, já há evidências contundentes de que a radioterapia com intensidade modulada (IMRT), técnica mais recente, está associada à redução significativa do risco de xerostomia. O advento da IMRT, que é utilizada principalmente na cabeça e no pescoço, permite a redução de dose nas glândulas salivares, cavidade oral e faringe, o que pode reduzir, em alguns casos, a intensidade da mucosite e da disfagia.
Quais são as promessas da tecnologia para o futuro?
 Com o tempo, a tendência é a terapia ficar menos agressiva e causar menos problemas?
Dr. Douglas Guedes Castro - A tendência é que os tratamentos sejam menos agressivos, seja pela evolução tecnológica que permitirá uma redução mais efetiva da dose nas estruturas normais, ou pela melhor seleção dos pacientes que devem ser submetidos aos tratamentos combinados.

Fonte:  Site ImplantNews-PerioNews
Fábio Abreu Alves  - Diretor de Estomatologia  - Hospital A. C. Camargo
Douglas Guedes Castro - Radiologista Oncológico  -  Hospital A. C. Camargo

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