terça-feira, 1 de maio de 2012

Câncer Bucal - parte I


Orientações sobre os sintomas, os tratamentos e as sequelas que o câncer bucal pode causar no paciente.

De acordo com Instituto Nacional do Câncer (INCA), estima-se que haja 14 mil novos casos da doença no Brasil. Esse tipo de câncer pode atingir a mucosa bucal, a gengiva, o palato duro, a língua e o assoalho da boca. O câncer de lábio é mais frequente em pessoas brancas, e registra maior ocorrência no lábio inferior em relação ao superior. Já os que ocorrem em outras regiões da boca, acometem principalmente os fumantes - e esse risco aumenta, sobretudo, quando além de tagabistas são alcoólatras.
Quais são as principais causas de câncer bucal? Como é possível preveni-lo? Atinge quais faixas etárias?
Dr. Fábio Abreu Alves - A radiação dos raios solares é a principal causa de câncer de lábio, sendo o inferior o mais acometido devido a sua exposição direta a estes raios. Contudo, para os cânceres localizados dentro da boca o cigarro é o principal fator. Várias pesquisas mostram que aproximadamente 90% das pessoas com câncer de boca fumam. Também é bem conhecido que a bebida alcoólica potencializa a ação dos elementos cancerígenos do cigarro.
O câncer de boca atinge, principalmente, homens com mais de 40 anos. No entanto, nos últimos anos, o número de mulheres atingidas por este câncer tem aumentado. Principalmente porque estão fumando e bebendo mais.
A prevenção do câncer bucal está diretamente relacionada ao hábito de não fumar, ao consumo moderado de bebidas alcoólicas e à boa alimentação (rica em frutas e vegetais). Outro fato importante seria a consulta regular com cirurgiões-dentistas especialistas em diagnóstico de doenças da boca.
Quais são os principais sintomas? É simples identificar a doença desde o início? Quais são as lesões mais comuns?
Dr. Fábio Abreu Alves - A doença pode surgir sem manifestar nenhuma sintomatologia e, normalmente, apresenta-se na forma de feridas que não cicatrizam. Alguns casos podem evoluir de uma placa branca, conhecida como leucoplasia, ou de uma lesão avermelhada, a eritroplasia.
O diagnóstico do câncer bucal nas fases iniciais pode ser uma tarefa complicada, principalmente por que o paciente não apresenta sintomas e, desta forma, não procura o profissional para diagnóstico. Atualmente, no Brasil, mais de 70% dos casos são diagnosticados em uma fase mais avançada da doença.
Um dado importante é que apenas 1/3 dos pacientes com câncer de boca procuram dentistas. E, geralmente, os que procuram não o fazem por julgar que este profissional possa fazer o diagnóstico, e sim porque atribuem a presença da lesão a traumas provocados por dentes ou próteses. Sendo assim, os profissionais da saúde, principalmente dentistas, devem ficar atentos para lesões brancas, vermelhas e úlceras que não cicatrizam.
Sobre o tratamento, há outras opções além da radioterapia, algum tipo de terapia alternativa? Como funciona?
Dr. Fábio Abreu Alves - O diagnóstico precoce, ou seja, de tumores pequenos, é extremamente importante, pois 90% desses pacientes podem ser curados, comparados com menos de 30% dos pacientes que estão com tumores avançados.
O tratamento do câncer bucal pode ser feito por cirurgia ou radioterapia. A quimioterapia não é uma terapia curativa quando usada isoladamente. De um modo geral, o tratamento dos casos iniciais é feito por cirurgia, devido à alta curabilidade, rapidez de execução, diminuição de problemas funcionais e ausência de outras sequelas. A radioterapia, que oferece taxas de cura igualmente altas (cerca de 80% para os casos iniciais), está associada ao aumento de custos e ao elevado número de sequelas imediatas e tardias importantes.
Por outro lado, para tumores avançados, através da combinação de modalidades de tratamento, como a cirurgia e a radioterapia, consegue-se o controle da doença em cerca de 50% dos casos em estágio III e 30% em estágio IV.
Para tumores de orofaringe e laringe, a radioterapia e a quimioterapia apresentam-se como opções de tratamento além da cirurgia. Vale a pena ressaltar que o tratamento deve ser definido por cirurgiões de cabeça e pescoço em conjunto com radioterapeutas e oncologistas.
Finalmente, para casos muito avançados e irressecáveis, a única alternativa é a utilização de radioterapia ou a associação de radioterapia com quimioterapia - com resultados muito pobres.
Nessa fase, o cirurgião-dentista tem papel fundamental na reabilitação dos pacientes, bem como o controle dos efeitos colaterais que podem aparecer na cavidade oral.




Fonte:  Site ImplantNews-PerioNews
Fábio Abreu Alves  - Diretor de Estomatologia  - Hospital A. C. Camargo
Douglas Guedes Castro - Radiologista Oncológico  -  Hospital A. C. Camargo

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