domingo, 3 de fevereiro de 2013

A Toxina Botulínica nas Reabilitações Orais

A toxina botulínica, cada vez mais, vem ganhando espaço nos consultórios odontológicos no Brasil e no mundo. Essa é uma realidade crescente.



Sua importância na estética facial é bem conhecida por todos, contudo, há muito mais do que estética no uso da toxina botulínica. Sua importância como meio terapêutico em nossa profissão, em casos como bruxismo, hipertrofia do masseter, disfunções temporo-mandibulares, sialorréia, assimetria de sorriso, exposição gengival acentuada e, mais recentemente a utilização profilática para a redução da força muscular dos músculos masseter e temporal em alguns casos de implantodontia de carga imediata.

O Prof. Dr. Antonio Sergio Guimarães e o Dr. Tomas Magnusson citam a toxina botulínica não só como aliada no controle das DTM, mas uma terapia com resultados promissores.

É importante salientar que DTM musculares com quadros de dores orofaciais (recomendadas para uso da toxina botulínica) são muito mais freqüentes que as articulares (não recomendadas para uso de toxina botulínica).

O bruxismo, principal responsável pelas dores orofaciais, ligadas à hiperatividade dos músculos da mastigação, é um distúrbio bastante freqüente e que pode acarretar transtornos para os músculos masseter e temporal, alem de problemas na estrutura dos dentes, como desgastes acentuados, abfrações, fraturas dentais, fratura de próteses e perda de implantes.

Apesar do alto índice de sucesso nos implantes dentais atuais, um dos problemas potenciais e que leva à perda precoce dos implantes é a carga não funcional antes do período da osseointegração. Pacientes com bruxismo (sono e/ou vigília) e que necessitem repor um ou mais elementos dentais com implantes podem minimizar consideravelmente a possibilidade de perda dos implantes por meio da aplicação previa da toxina botulínica.

Um bom ajuste oclusal e um ótimo planejamento das próteses ajudam, sem duvida, mas não resolvem o problema, ate porque, ajustes oclusais são baseados na situação real imediata do paciente, situação essa que pode mudar, principalmente em pacientes rangedores, ou seja, o que ficou bem ajustado hoje, amanhã, devido aos desgastes dentais provocados pelo bruxismo, podem aparecer como interferências, que nos implantes, podem comprometer sua longevidade.

Pacientes desdentados totais ou parciais com perda acentuada de DVO ( dimensão vertical ) por longos períodos tem a sua postura mandibular alterada. Quando se faz um planejamento de reabilitação oral, com recuperação da DVO, procuramos localizar uma nova postura ortopédica para a nova oclusão que será criada ou restabelecida a partir dali. O problema é que, em muitos casos, a musculatura não se adapta rapidamente. Essa musculatura desequilibrada e viciada tende a voltar para a posição inicial sobrecarregando os implantes e podendo aumentar as chances de perda dos Protocolos. Nessas situações, a aplicação da toxina botulínica preventivamente, pode ajudar a diminuir a força muscular do masseter e temporal, dando tempo para que, aos poucos essa musculatura se adapte a nova realidade ortopédica.

A questão se complica ainda mais uma vez que o bruxismo também pode apresentar seus altos e baixos. Hoje o paciente pode estar em uma fase de remissão espontânea, amanhã, ele poderá aparecer ou se intensificar, comprometendo o trabalho. Essa situação vale também para casos de reabilitação oral sobre dentes, com coroas de porcelana metal free, facetas laminadas e lentes de contato. Por isso, a aplicação preventiva de toxina botulínica nos casos de reabilitação oral, quando a avaliação do paciente acusar a presença de bruxismo, deve ser considerada.



Uma outra aplicação interessante para implantodontia é a correção de assimetrias de sorriso e exposições gengivais acentuadas. Duas situações que podem comprometer a percepção e a satisfação dos pacientes reabilitados, sobretudo em casos de protocolos onde o paciente passou muitos anos desdentado e, portanto, sem suporte labial. Nessas situações, muitas vezes o paciente tem uma assimetria mascarada pela hipotonicidade do lábio superior, que ao ser reabilitado com um protocolo de implantes, ao final do trabalho, pode ficar evidente. Uma simples aplicação de BoNT no músculo responsável, muda completamente o resultado final e a percepção do paciente.

Por fim, lembramos alguns colegas que a aplicação terapêutica da toxina botulínica, respeitados os protocolos, não representa qualquer risco para os pacientes, pois trata-se de uma droga extremamente específica, o que a torna segura, com efeitos adversos muito pequenos e temporários.



Fonte:  Revista em Foco Ano V nº 10 -  APCD Santo Amaro

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