Uma simples dor de dente, por mais sutil que seja, pode fazer a diferença em uma prova decisiva de natação, por exemplo. Isto porque a saúde da boca envolve mecanismos que abrangem várias funções do corpo, como respiração e circulação.
O COB-Comitê Olímpico Brasileiro já havia notado a importância de um acompanhamento dentário em atletas na comissão de Medicina Esportiva para os jogos de Atenas, quando especialistas no Brasil começaram a prestar serviços particulares a esportistas de clubes, academias e federações.
A Odontologia Desportiva é uma área com fortes chances de expansão, dada a importância não só no tratamento de doenças, como também na prevenção. Basta lembrar de um fato curioso ocorrido em 1996: Ronaldinho, eleito o melhor jogador do mundo, quase foi dispensado do São Cristóvão, time que defendia aos 15 anos de idade, graças ao baixo desempenho esportivo. Não era por acaso: tinha dois canais e uma grave falha ortodôntica, que o fazia respirar pela boca, comprometendo seu condicionamento aeróbico. Foi por este e outros episódios que nasceu a Associação Brasileira de Odontologia Desportiva, fundada por dentistas de todo país, com um enfoque multidisciplinar, incluindo palestras e cursos a profissionais que desejam se aprofundar no assunto.
Os atletas precisam de um tratamento diferenciado, não só para cuidar de eventuais doenças, como para prevenir traumas nos dentes. A odontologia desportiva oferece protetores bucais e placas de mordida que variam conforme o tipo de esporte. Eles podem ser encontrados tanto em lojas de material esportivo como ser confeccionados por dentistas em laboratórios, de acordo com a necessidade de proteção do atleta. Normalmente, esportes radicais, lutas marciais e competições de quadra são os que mais expõem os dentes a fraturas.
Dados curiosos divulgados pela National Youth Sports Foundation, revelaram que cerca de 5 milhões de dentes são perdidos por ano em atividades esportivas. Outra fonte de pesquisa, a ADA-American Dental Association-constatou que pelo menos 200 mil traumas são evitados devido aos protetores bucais. Não é em vão que dentistas e fabricantes do produto estão investindo pesado nesta forma de prevenção.
Mas quando prevenir não é suficiente, dentistas desportivos devem ter aparatos para tratar os traumas quando eles já tiverem ocorrido. O profissional deverá recorrer a tratamentos restauradores diretos ou indiretos, que envolvem próteses, facetas e inscrustações.
Profissionais acreditam que dor e desconforto causados por problemas odontológicos são suficientes para prejudicar o desempenho e falta de concentração. É possível associar sintomas físicos a problemas bucais, principalmente no caso de pulpite e dores orofaciais.
Além disso, a respiração bucal pode agravar o problema de baixo rendimento, por isso o tratamento odontológico nesses casos deverá ser realizado em conjunto com a otorrinolaringologia e a fonoaudiologia e tratar formas respiratórias inadequadas.
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