quinta-feira, 28 de abril de 2011

Zumbido X Problemas Dentofaciais


Atualmente, o estresse e a ansiedade são fatores quase que constantes na vida de todos nós. Esse excesso de preocupação pode ser grande influente na geração de alguns problemas psicológicos e, principalmente, físicos. Um deles, que traz grande prejuízo ao bem-estar e qualidade de vida é o zumbido. O zumbido é classicamente definido como uma percepção auditiva fantasma, sem haver concomitante estímulo auditivo externo (ruído provindo do ambiente).

Com tanto stress , um exemplo de transtorno  é o uso excessivo da musculatura mastigatória, criando um apertamento ou rangimento do dentes.

Segundo pesquisas neurológicas realizadas a partir dos anos 90 do século passado, a força que é aplicada nesses atos (chamados de parafuncionais) pode produzir resultados que, em alguns casos são interpretados erroneamente pelo cérebro como uma sensação de zumbidos. De acordo com especialistas , isso acaba gerando um grande incômodo e pode ser identificado eventual ou constantemente.

Ainda segundo especialistas ,"17% dos brasileiros padecem dos sintomas de zumbidos, em maior ou menor grau de severidade". Este número acaba representando cerca de 30 milhões de pessoas, as quais, em casos mais graves, podem sentir-se completamente desesperadas.

A relação existente entre zumbidos e outros ruídos nos ouvidos já vem sendo estudada pela Medicina e Odontologia desde os anos 20 do século passado, mas o pressuposto que se tinha era de que a função incorreta das ATMs (articulações têmporo-mandibulares, aquelas que encaixam bem ao lado dos ouvidos) seria a provável causa, pela proximidade anatômica.

Desde 1996, no entanto, de acordo com uma nova hipótese neurofisiológica de dois pesquisadores americanos - WRIGHT & RYUGO, o fato do apertamento dos dentes gerado pelo excesso de força da musculatura mastigatória (e também da região de cabeça e pescoço) passou a ser levado em consideração no diagnóstico diferencial dos tipos de zumbidos que podem acometer as pessoas.

"Hoje leva-se em consideração que a força dos músculos da face  e o apertamento de dentes tem relação direta com zumbido e  pacientes nesta condição já conseguem alívio para para um problema que afeta severamente o bem-estar e a qualidade de vida".

 

O diagnóstico inicial continua, no entanto, sendo efetuado pela medicina otoneurológica, mas a avaliação craniofacial é solicitada, quando necessária, pelo médico especialista quando ele detecta que os sintomas acúfenos (os zumbidos) não são causados somente a partir da cóclea (uma estrutura interna dos ouvidos, em forma de caracol).Nesta hora a odontologia entra com  todo o arsenal para tratar esse problema.

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Cientistas eliminam ruído do motorzinho

Cientistas eliminam ruído do motorzinho do dentista













Motorzinho silencioso

Pesquisadores britânicos desenvolveram um dispositivo que cancela o ruído das brocas de dentistas.
Segundo eles, a invenção pode ajudar as pessoas a superar o medo de ir ao dentista.
Para muitos, o som da broca é uma das principais causas de ansiedade durante as visitas ao consultório.
O novo dispositivo permite que os pacientes escutem músicas em um tocador de MP3, enquanto o som da broca é eliminado.

Filtro de ruídos

O dispositivo é semelhante aos fones de ouvido capazes de cancelar ruídos. Mas os pacientes ainda poderão ouvir a voz do dentista, porque nem todos os sons ambientes serão filtrados.
Segundo os cientistas, o dispositivo transforma os sons do consultório do dentista em um sinal digital. Um chip especial chamado de processador digital de sinais analisa os sons captados por um microfone instalado perto da broca dental.
Ele produz uma onda sonora invertida para neutralizar o ruído no sinal transmitido pelo fone de ouvido.
Os filtros eletrônicos são capazes de neutralizar o som da broca mesmo que a amplitude e a frequência do ruído se alterem com o uso da própria broca.

Tecnologia automobilística

O dispositivo foi desenvolvido por especialistas do King's Colllege London, da Brunel University e da London SouthBank University, a partir de uma ideia do professor Brian Millar, do Instituto Dentário do King's College.
Ele se inspirou inicialmente nos esforços do fabricante de automóveis Lotus, que tentava desenvolver um sistema para remover sons desagradáveis da rua e, ao mesmo tempo, permitir que os motoristas ouvissem sirenes de emergência.
Após mais de dez anos de pesquisas em colaboração com engenheiros, a equipe de Millar chegou a um protótipo do sistema.
"Muitas pessoas não gostam de ir ao dentista por causa da ansiedade associada ao barulho da broca, mas esse dispositivo tem o potencial de tornar o medo da broca uma coisa do passado", diz Millar.

Escutar o dentista

O pesquisador Mark Atherton, da Escola de Engenharia e Design da Brunel University, diz que a questão principal do projeto era conseguir que o paciente pudesse escutar o dentista.
"Você não pode isolar totalmente o paciente. Eles querem ter um diálogo com o dentista, então não podem simplesmente colocar um par de tampões nos ouvidos", diz ele.
Segundo Atherton, os pesquisadores notaram que não seria suficiente apenas reduzir o ruído da broca, mas teriam de eliminá-lo completamente.
"O barulho da broca é tão distinto que o cérebro ainda o reconhece e as pessoas conseguem ouvi-lo (mesmo mais baixo), tal é a ansiedade", afirma.
A equipe de pesquisadores agora está procurando investidores para tentar tornar o dispositivo disponível comercialmente.

Eliminando o motorzinho

Outras pesquisas são mais radicais e, em vez de eliminaram o som do motorzinho do dentista, querem eliminá-lo de vez.
Cientistas alemães estão tentando substituir as brocas por jatos de plasma frio.
A abordagem de uma outra equipe da mesma King's College é ainda mais avançada, tentando detectar os problemas dos dentes antes que eles sejam visíveis e exijam o uso das brocas.

Fonte BBC

domingo, 24 de abril de 2011

Como um belo sorriso pode garantir sucesso profissional?













A expressão mais usada nos bastidores dos departamentos de Recursos Humanos e diretorias é “marketing pessoal”. Além do comportamento e do linguajar dos funcionários, a aparência tem também grande importância na hora de conquistar uma vaga ou mesmo, garantir uma vida profissional promissora dentro da empresa. Os funcionários representam a imagem da companhia e, consequentemente, os clientes podem confundir a aparência mal cuidada com a qualidade dos produtos e serviços do empreendimento.


É por esta razão que os departamentos de RH avaliam criticamente cada candidato e observam atentamente os seus funcionários.

É essencial demonstrar cuidado com a higiene pessoal. Obesidade, aspecto de sujeira, excesso de acnes e espinhas e mau hálito podem ser fatores determinantes para a perda da grande chance de ascensão profissional. O mau hálito pode retrair o convívio social com os colegas de trabalho e clientes, além de causar um aspecto de má assepsia bucal. A origem pode ser um reflexo de patologias bucais, como cáries, gengivite (gengiva inflamada) e outras. “Os cuidados com a saúde bucal devem ser hábito natural e prioridade para todos. Mas, a sua necessidade também ultrapassa os limites para os aspectos sociais e profissionais"


Saúde bucal e sucesso profissional



O mercado é competitivo e voraz. Para se destacar e crescer em uma empresa, os funcionários precisam mostrar competência, desenvolver habilidades múltiplas, assumir responsabilidades e aprimorar seu marketing pessoal. Dessa forma, é por meio da aparência somada a outros aspectos que surgem melhores oportunidades e competências. “O sorriso funciona como cartão de visitas pessoal e pode ser uma ferramenta para fechar novos negócios, atrair uma rede de network, conquistar novos cargos e até garantir oportunidades de emprego”.



“O empregador seleciona funcionários com sorrisos que transpareçam saúde e limpeza, pois além da estética, o sorriso é também um sinal de sociabilidade e simpatia. Funcionários que trabalham com o sorriso no rosto são interpretados como indivíduos motivados e contentes com a sua função e com o seu ambiente de trabalho. Para isso, nada mais agradável que um sorriso limpo, uniforme e bem cuidado. Não podemos negar que um sorriso mal cuidado pode limitar as possibilidades de cargos e atividades, principalmente aquelas que englobam contato com o público.

Benefício dentro da empresa

Conscientes de que os funcionários são o portfólio que representam a sua marca para o mercado, muitas empresas já trazem planos odontológicos na sua cartilha de benefícios. Este diferencial muitas vezes engloba não só ao funcionário, mas sim toda a sua família. Isso se traduz em empregado motivado –  fator determinante para maior produtividade e menor absenteísmo.

É assustador a porcentagem de brasileiros que nunca passaram por consultas odontológicas. O Brasil ocupa uma péssima posição no ranking dos países que menos freqüentam o dentista e os gestores de RHs estão percebendo o valor de um plano odontológico não só como benefício à aparência de seus funcionários, mas para a saúde e produtividade dos seus colaboradores.

terça-feira, 19 de abril de 2011

Traumatismo Dental

Situações de emergência envolvendo a boca e os dentes quase sempre se transformam em experiências dramáticas para pais e crianças.



As estatísticas mostram que cerca de 14% das crianças e adolescentes passam, de alguma forma, por essas situações de emergência. Por isso, é importante estar preparado para se ter a atitude correta num momento desses.
Apresentaremos, assim, os traumatismos mais comuns e qual a melhor atitude que deve ser tomada em tais circunstâncias.



Cortes e sangramentos


Quando uma criança sofre um traumatismo que provoca corte ou sangramento, deve-se colocar no lugar, sobre o ferimento, uma compressa de gaze ou pano limpo e pressionar bem, para que o sangramento seja controlado. Muitas vezes, é necessário suturar o ferimento, para que a cicatrização se processe de maneira adequada, e, tão logo seja possível, deve-se consultar um dentista.


Os primeiros passos de uma criança                  


Os acidentes mais comuns que ocorrem na dentição de leite são os que envolvem bebês e crianças que estão aprendendo a andar. O dente amolece em seu alvéolo ou é deslocado de sua posição original, podendo se deslocar para dentro do alvéolo (intruir) ou descer, dificultando o fechamento da boca. O dentista deve ser consultado, para que a extensão do dano seja avaliada. Muitas vezes, esse dano é maior do que aparenta ser. Freqüentemente, é preciso radiografar o dente e observar por um período determinado. O dentista deve também orientar os pais sobre os cuidados a serem tomados na área afetada, assim como sobre futuros problemas que poderão comprometer a dentição permanente.




      
 Mudança de côr do dente traumatizado

É comum ocorrer, após 2 ou 3 dias do acidente, uma mudança de cor, um escurecimento da coroa do dente. Essa mudança pode se perpetuar; nesses casos, quase sempre há perda de vitalidade do dente, e um tratamento de canal se faz necessário. Nos dentes de leite, nem sempre uma mudança de cor da coroa significa perda da vitalidade e, em muitos casos, a cor poderá retomar ao seu normal.
 
Dente fraturado                     

 É comum a fratura de um ou mais dentes em conseqüência de um traumatismo. Além disso, muitas vezes, pode ocorrer que o nervo do dente se danifique. Deve-se sempre consultar o dentista, para que ele possa avaliar a extensão do dano, tratar a fratura e prevenir eventualmente problemas da vitalidade futura do dente. A melhor maneira de se evitarem fraturas nos dentes é preveni- Ias; assim. no caso de esportes, como andar de bicicleta, andar de "skate", basquete, vôlei, jogos de futebol ou "rugby" e outros esportes coletivos, é importante o uso de protetores bucais. Converse com o seu dentista a respeito.


Perda total de um dente

 Em certas circunstâncias, como impactos horizontais, é comum acontecer um deslocamento total do dente. É essencial que determinadas condutas sejam adotadas imediatamente, para que se aumentem as chances de salvar esse dente. Se o dente for de leite, a colocação deste de volta em seu lugar não é indicada; a probabilidade de sucesso é mínima. No caso do dente permanente, o reimplante é indicado.


Para que se obtenha sucesso no reimplante, é necessário: 


Manter a calma e fazer a criança morder uma gaze ou um pano limpo, com pressão para que se possa controlar o sangramento.
Ache o dente.
Pegue o dente somente pela coroa. Não toque na raiz.
Resíduos devem ser cuidadosamente retirados do dente com soro fisiológico ou leite morno. Não esfregue o dente.
Coloque o dente de volta no seu lugar (no alvéolo) na boca da criança. Não se esqueça: a parte côncava do dente é do lado de dentro da boca. Faça a criança morder uma gaze ou um pano limpo, para que o dente se mantenha na posição. Procure imediatamente um dentista.
Se você não conseguir colocar o dente em sua posição, mantenha-o em uma solução de soro fisiológico ou em leite morno ou mesmo na boca da criança (debaixo da língua) e procure imediatamente um dentista.

O resultado final de um reimplante depende muito do período que o dente ficar fora do alvéolo e da conservação do mesmo nesse período. O dente deverá ficar fora e seu alvéolo o menor tempo possível.

O dente reimplantado deverá ser "fixado" pelo dentista em sua posição e ter o seu canal tratado; mesmo assim, com o decorrer do tempo, haverá uma diminuição do tamanho de sua raiz. O tempo médio da permanência de um dente reimplantado na boca é de 1 até 5 anos; muitas vezes, esse tempo é o necessário para que a oclusão se defina e novas condutas possam ser tomadas.

Referência: Revista da APCD.

domingo, 17 de abril de 2011

Laser na Odontologia

Laser - Definição                 
Luz com características muito especiais, que lhe conferem propriedades terapêuticas. O laser emite sempre uma luz pura, sem mistura, diferentemente da luz comum, formada de vários comprimentos de onda.

Quais os tipos que existem?

Existem três tipos de laser. Um deles é o laser terapêutico, que usamos em substituição aos medicamentos ou em conjunto com eles. Ele alivia a dor e ajuda na cicatrização, é usado como antiinflamatório. Outro tipo é o laser cirúrgico, que remove tecido, corta, vaporiza. Por isso, pode ser usado em cirurgias, na remoção de cáries e para a esterilização de lesões. Além desses, existe ainda o laser para diagnóstico.


Qual a vantagem do laser terapêutico?
A grande vantagem é que, o laser ativa o próprio organismo a produzir substâncias que podem, muitas vezes, substituír os medicamentos antiinflamatórios. Por exemplo, se o paciente precisa de cortisona, o laser induz seu organismo a produzir cortisol, assim ou não precisará tomar o medicamento ou poderá tomá-lo em doses reduzidas. Este laser também é muito eficaz no tratamento de aftas e do herpes labial, embora neste , seu uso esteja indicado somente antes de aparecerem as vesículas, portanto na fase inicial.


Qual a vantagem do laser cirúrgico?

Esse tipo de laser, ao mesmo tempo que corta o tecido, provoca coagulação e fechamento de vasos linfáticos e terminações nervosas. Isso quer dizer que, nessas cirurgias, não há sangramento, há menos edema depois da cirurgia e os pacientes têm um pós-operatório muito menos doloroso. Possibilita, portanto, a realização de cirurgias de modo menos invasivo e agressivo.
Para a remoção de cárie, a vantagem está no fato de que os pacientes necessitam menos anestesia que nos tratamentos convencionais. Porém,a grande vantagem é que, além de remover a cárie, o dentista é capaz de esterilizar a cavidade e deixar a superfície dentinária com uma dureza maior do que a que tinha antes do tratamento.

E o laser para diagnóstico, como funciona e para que serve em Odontologia?    

É um laser que opera em uma potência muito baixa, emitindo uma luz visível que vai até o dente, é absorvida na sua superfície e emite uma fluorescência, que pode ser mensurada no painel do aparelho, variando conforme o tipo ou a gravidade da cárie que há no dente.
É um método de diagnóstico muito interessante, que desempenha um importante papel na prevenção odontológica.

Existe contra-indicação para os tratamentos com laser?

Pelo contrário, o laser cirúrgico é muito bem indicado para pacientes portadores de discrasias sangüíneas, diabetes e todas as doenças degenerativas, obtendo bastante sucesso no tratamento de pacientes portadores de doenças imunossupressoras. Também não há contra-indicação para o uso em mulheres grávidas ou pacientes com problemas no coração. Uma vez que a cirurgia com laser cirúrgico não sangra, não causa estresse e provoca menos edema no pós-operatório, esses pacientes, que em Odontologia chamamos de "pacientes especiais", são os principais beneficiados com essa técnica.

Posso substituir todos os meus tratamentos dentários convencionais por tratamentos com laser?

Não. Não se pode dizer que o laser terapêutico e o cirúrgico substituam tecnicamente todos os tratamentos convencionais. Eles têm grandes indicações, porém, como todas as técnicas, têm suas limitações. É importante lembrar que o tratamento com laser algumas vezes substitui tratamentos com técnicas convencionais, mas outras vezes funciona apenas como coadjuvante.


O laser substitui o tratamento com motorzinho?

Infelizmente, não em todos os casos. O uso do laser em dente, ainda que muito efetivo, é limitado. Ainda não se podem fazer preparos extensos, como os preparos para coroas e blocos.


Por que o tratamento com laser é caro?

Porque os aparelhos utilizados nesses tratamentos são muito caros. Além disso, o profissional que os utiliza precisa ter uma formação específica na área, o que demanda investimento de sua parte. Todo o conceito de tratamento odontológico com laser passa a ter uma conotação mais sofisticada, o que acaba onerando o tratamento. Por exemplo, para ter esse equipamento de laser cirúrgico no consultório, este precisa estar equipado com determinados dispositivos de proteção e estar em uma sala apropriada. Tudo isso acaba somando custos, que serão repassados para o paciente.

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Como viver mais e melhor



SAÚDE

Clube dos 110: conheça os segredos de quem passa dos 110 anos

Os supercentenários estão sendo cada vez mais estudados por chegarem onde poucos chegam: 110 anos. O que a ciência descobriu sobre eles pode ajudar você a viver muito mais

por Débora Nogueira


"Deus deve ter se esquecido de mim", brincava sempre a francesa Jeanne Calment, que morreu aos 122 anos em 1997. Jeanne foi a pessoa que mais viveu no mundo até hoje e, se Deus deu uma força, agora a ciência está descobrindo motivos menos divinos para longevidades como a dela. Ela faz parte dos supercentenários, o grupo seleto e cada vez mais estudado daqueles que passam de 110 anos.

Os fiscais extraoficiais desse clube são os médicos do Gerontology Research Group, que mantêm uma lista atualizada dos supercentenários vivos. Em março deste ano, eram contabilizados 83 senhoras e 5 senhores - ou 1 a cada 80 milhões de seres humanos (ver quadro na página seguinte). Todos estão no hemisfério norte, mas isso tem mais a ver com a precariedade dos cartórios de 1900 na América do Sul, África e Oceania, o que dificulta a confirmação de idade. A pergunta que fica é: o que os faz especiais? E o que podemos fazer para ao menos nos aproximarmos deles?
 
 Uma coisa em comum
 
Segundo um estudo da Boston University School of Medicine, os supercentenários variam muito educação, renda, religião, etnia e até nos padrões de dieta - há desde vegetarianos longevos até anciões do churrasco. Mas eles também têm muita coisa em comum: poucos são obesos, nenhum é ou foi fumante, a maioria lida bem com situações estressantes.

Os bons hábitos são tão determinantes que, quando são adotados por todos, criam-se bolsões de longevidade. Talvez o melhor exemplo seja Loma Linda, na Califórnia, onde um grupo de adventistas vegetarianos não fuma, faz exercícios regularmente, dedica muito tempo à família - basicamente a receita da longevidade. Como consequência, eles têm uma expectativa de vida de 85 anos, 10 anos a mais que a média americana.

Além disso, o que é notável em se tratando de 11 décadas queimando neurônios, só 20% tiveram perdas neurológicas - 80% estão totalmente lúcidos.

Baseados em testes de personalidade, os médicos de Boston apontam ainda que poucos são neuróticos e a maior parte é extrovertida. Taí a Jeanne Calment para provar. Eu seu 110º aniversário, a francesa declarou: "Eu só tenho uma ruga, e estou sentada em cima dela".

Sim, senhoras

Brincadeiras à parte, Jeanne tinha outro fator em seu favor: era mulher. Segundo o geriatra Eduardo Ferrioli, da Faculdade de Medicina da USP, as fêmeas humanas "vivem mais desde o útero", já que entre os nascidos vivos a maioria é mulher. Além disso, a proteção hormonal até a menopausa dificulta as doenças cardiovasculares em mulheres.

Outro fator que pode explicar essa sobrevida maior das mulheres é a época em que essas supercentenárias viveram. Elas são de uma geração em que a mulher quase não saía de casa e não era exposta à violência urbana e aos riscos da rua. Segundo Anderson Della Torre, o geriatra da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, outra possível causa para termos uma longevidade maior em mulheres é que elas fazem um maior acompanhamento periódico de saúde, enquanto os homens acabam abusando mais do álcool, tabaco e estresse e quase nunca vão ao médico fazer exames de prevenção.

Para Della Torre, isso deve mudar no médio e longo prazo, uma vez que hoje as mulheres estão tão expostas aos inimigos da longevidade quanto os homens.

Fórmula do envelhecimento

Sim, longevidade também vem de berço: mais da metade dos centenários têm parentes que atingiram os 100 anos ou mais. Mas bons hábitos como nutrição de qualidade, atividade física regular e uma boa quantidade de sono podem até mudar a estrutura genética. Sério: a forma como se vive pode atrapalhar ou ajudar na replicação de células e até encurtar ou alongar telômeros - estruturas que formam as extremidades dos cromossomos e são essenciais na replicação de células.

Estudos em camundongos mostraram que uma dieta equilibrada, com redução de calorias em 30%, faz eles viverem o dobro do tempo e os torna quase imunes a diabetes e câncer. A máxima "quanto mais velho você está, mais doente você é" deveria ser adaptada para "quanto mais velho você está, mais saudável você foi".

Se é para apontar uma regra para se viver mais, os geriatras fazem coro: o importante mesmo é se manter ativo física e mentalmente. Os mais velhos devem evitar o sedentarismo e, mesmo que a pessoa pare de trabalhar, nunca pode deixar de exercitar o raciocínio, a mente, seja participando de projetos, seja lendo livros ou fazendo quebra-cabeças. Até o acompanhamento psicológico é importante para evitar doenças como depressão, que também pode ser uma porta de entrada para outras patologias.

No best-seller Living to 100 ("Vivendo até os 100"), o médico americano Thomas Perls chama atenção para outros fatores que podem acrescentar anos de vida. Fio dental, inclusive. Perls diz: "Há relação direta entre inflamação da gengiva e doença do coração: passe fio dental todos os dias e adicione um ano à sua vida".
Mesmo com todo o fio dental do mundo, o fim sempre chega. Mas há boas notícias: segundo o Gerontology Research Group, a superlongevidade vai crescer. Esses cientistas acreditam que somos testemunhas de uma expansão do limite biológico, uma vez que a qualidade de vida melhorou muito. Bom, então é isso: nos vemos no nosso 110º aniversário.